quinta-feira, 25 de junho de 2009

Deus na Berlinda...

Fome. Guerras. Desastres naturais. Corrupção. Temas constantes em noticiários de televisão, manchetes de jornais e revistas, mídia on-line. Muitos são os debates, poucas as respostas e, consequentemente, nenhuma solução. Ao contrário, dia a dia, aumenta mais o conflito. Pessoas desesperadas. Governos atados. O Mundo, um caos. Cientistas das mais variadas áreas do conhecimento humano debruçam-se sobre o assunto em busca de explicaões, ao menos acalentadoras, mas nada muda, ou melhor, muda para a pior.
Está mais do que claro que desde que o mundo é mundo, que o homem é homem, que problemas sociais, ambientais, políticos existiram e sempre vão existir. É indiscutível que à medida que a sociedade humana adquire mais conhecimento, que torna-se mais detentora da capacidade de desvendar o mistério, mais o mundo enfrenta novos percalços e, em decorrência, o próprio homem sofre os efeitos, na maioria das vezes, nefastos, principalmente para aqueles que, pouco ou nada, contribuem para tal perturbação mundial.
Busca-se, assim, a raiz do caos. Por que tanta miséria? Por que tanta guerra? Por que tantos desastres? Essas e muitas outras perguntas preenhecm o vazio cortante. Instigam os curiosos. Inflamam as discussões. Muitas são as especulações, o que acaba dividindo a sociedade num antagonismo sem fim: de um lado, os crentes, os evangélicos, os católicos, e todos aqueles que creem que uma força superiora rege as ações humanas, seja agraciando com dádivas, por boas ações realizadas, com colheitas fartas, por exemplo; seja punindo, com catástrofes ambientais, como inundações, secas gritantes, queda de aviões, tudo isso como consequência dos maus hábitos, comportamento vergonhoso etc, etc, etc. Do outro, estão os cientistas, os racionais, os gnósticos, que defendem a tese de que tudo é advindo, exclusivamente, das ações humanas, despido de toda e qualquer interferência sobrenatural.

E, entre esse embate, estamos nós, mulheres e homens comuns, do povo, que labuta de domingo a domingo, para ganhar, quase sempre, um salário minguado, mediocre, um quase nada, a fim de satisfazer, minimamente, as nossas mais primárias necessidades.
Quando falo em "nós" refiro-me a uma maioria quase que sem contato com a informação, refiro-me, infelizmente, a um considerável parcela da humanidade que desconhece a própria essência do ser humano e o que lhe torna mais sublime dentre todos os seres existentes. O homem comum vive do que ouve, recebe toda a "informação" já peneirada pelos manipuladores do poder. O povo sabe aquilo que os idealizadores do poder querem que se saiba.

Difunde-se que é preciso crer em Deus, em Alá, em Ogum em Fulano ou em Sicrano. Justifica-se isso, conforme os estudos da Psicanálise Freudiana, porque o homem necessita de um consolo espiritual. Que o homem que crê vive mais e melhor, já que o humano é feito para crer em algo. E assim o homem vai crendo que Deus dá presente quando fazemos coisas boas. E nos pune quando somos "mal-criados", como um pai que castiga o filho traquino quando este apronta uma de suas peripécias. E assim o conformismo espiritual vai consumindo o conformismo social.

Os céticos, que compartilham do ideal do "ver para crer", rebatem, categoricamente, quando questionam a existência de Deus. Para eles, Deus é apenas uma invenção humana, criado para satisfazer a necessidade de se ter resposta para tudo. Tudo, inclusive para a podridão que se espalha desde que o mundo é mundo. Contra-argumentam, justificando que "Que 'Deus' é esse que permite tanta miséria, tanta criança esquelética, tantos desastres naturais, tanta maldade no olhar humano?" É um ponto interessante a ser debatido, mas que, certamente, para o qual não se encontrará um consenso plausível.
A Ciência é tida como a Deusa da Modernidade. Foi, sem sombra de dúvidas, a forma mais cômoda que o homem medieval encontrou para fugir das amarras da ignorância defendida e difundida pelo pensamento religioso daquela Era. Deus era (e é, infelizmente) um joguete, um marionete, um brinquedo, enfim, uma arma nas mãos daqueles que detinham, à época, o poder de fazer prevalecer a ideologia que lhes era dominante. Deus era o Pai Eterno e Misericordioso, quando podia presentar os que realizassem "doações" para aumentar o patrimônio do Genitor Celestial. Em contrapartida, Deus era o Carrasco, que subjugava aqueles que desobedeciam os Seus Mandamentos, que se recusavam a "comprar" um terreno no céu ou que, por cederem aos prazeres da carne, tinham seus nomes riscados do Livro da Vida.

Esta visão errônea que se tinha sobre Deus foi alterada quando se consolidou o surgimento do verdadeiro pensamento científico. Neste momento de mudança de foco, Deus deixou de protagonizar o espetáculo e a ciência passou a guiar a trajetória humana. O Iluminismo marca, deste modo, exatamente essa transposição. A concepção medieval sendo substituída pela liberdade que a Revolução Industrial estava proporcionando ao novo homem que despontava.

A partir daí, a relação entre o divino e o terreno passou por um novo processo adaptação social. As ciências humanas ganharam novo espaço. A Sociologia e Antropologia, orientadas por um forte cunho filosófico, passaram a explorar o homem em todas as suas dimensões e percebeu-se que ele era dotado de duas formações: uma biológica, reflexo direto da própria evolução, conforme apregoa a Teoria da Seleção das Espécies de Darwin; e outra cultural, como forma de compensações de suas próprias limitações físicas.

Com o tempo, o homem foi percebendo que o seu poder criador atendia às suas necessidades mais básicas e, de certa forma, a sua dependência de Deus foi se tornando mais tênue. Vale salientar que esse "afastamento" da entidade divina deu-se, principalmente, nos grupos elitizados, uma vez que o homem comum e economicamente desfavorecido continuava crendo nas dádivas e castigos divinos. O próprio conhecimento humano passou a ser dividido em níveis, de forma que o conhecimento do homem comum é visto pelo meio acadêmico-intelectual como superficial, oriundo das crenças populares, intimamente ligado aos preceitos religiosos. Enquanto que a cultura predominante virou sinônimo de ciência e incontestabilidade.

Hoje, assistimos a um embate forte entre essas duas formas de encarar a realidade. O Brasil é um país religioso em sua essência. Relembremos, pois, a sua construção espiritual, com os índios, portugueses, os negros. Notemos, por outro lado, a influência da ciência no dia-a-dia do homem. Em tudo há a técnica, o método, o experimento, a observação, como reflexo daquilo que somos capazes de criar, de desenvolver, de aperfeiçoar. Vivemos, paradoxalmente, na Era da Dúvida e da Certeza. A matéria e o espírito disputando a atenção do homem no que concerne à contemplação e, em decorrência, a própria explicação da realidade. Os materialistas mantém a firme defesa do predomínio da ciência. Esta como início e fim do que constrói o homem.

Os céticos criticam a crença em um deus ou em vários. Usam como argumento o princípio silogístico de que se Deus é misericordioso e poderoso, por qual motivo Ele não acaba com toda a miséria que assola o mundo num passe de mágica? Onde se encontra a sua eterna bondade se o que mais vemos são inocentes pagando com a própria vida pela ganância de tantos pecadores? Por que prolongar mais o tempo para a redenção dos fracos? Essas e muitas outras dúvidas são discutidas. A Filosofia tenta encontrar caminhos possíveis para se chegar a um denominador comum. Mas, com ela, surguem mais e mais questionamentos.

Os crédulos mais ferrenhos na fé divina encontram acalento no princípio de que Deus pune pelos males que cometemos. E que se tivermos uma conduta santa seremos agraciados com os sabores que poderão advir dos céus...

Percebemos que desde que surgiu na Terra, atravessando os séculos, evoluindo, abandonando o estado de natureza, apossando-se da racionalidade, o homem tem buscando respostas para os seus conflitos. A sua sede pelo crescimento, pelo ter mais, pelo ser mais, muitas vezes, impede-o de notar que a matéria por si só não possui poder algum. Faz-se mister que nós, seres dotados de relativa inteligência, concebamos a magnitude do estar no mundo não como obra do acaso, de uma explosão desmedida e desmotivada. Somos frutos de uma Força Maior, Inteligente, Superior. É preferível que a ela não seja dada nenhuma denominação como querem os cristãos, os mulçumanos, os umbandistas, os gnósticos. Uma nomeclatura limitaria bastante a própria ideia que se tem acerca da supremacia do cosmo em consonância com as reduzidas formas de se entender o desconhecido por parte do homem.

É aconselhável que não se julge Deus como sendo o causador de todas as mazelas que o homem cria, desenvolve, fomenta. Ao longo de sua história sobre a Terra, o bicho-homem tem conseguido demonstrar que tem o poder. E que esse poder não é fruto do acaso. Ele é exatamente o reflexo do presente que nos foi dado. A ciência é este poder! Temos a capacidade de criar e descobrir novas formas de vivermos bem. Creio, plenamente, no livre-arbítrio. Somos detentores do poder de escolha. De buscarmos o melhor e exotarmos o pior. A escolha é nossa. Foi nos dado esse privilégio de percebermos que estamos vivos e que, como já preconizava Descartes, "logo existimos". O homem constrói e o homem destrói. Faz nascer e faz morrer. A escolha é sempre nossa. Deus... bom Deus foi o Arquiteto do Universo. Nós, homens com escolha, os mestres de obra de nossas próprias ações. Tiremos Deus da Berlinda. E coloquemo-nos nós próprios em Seu lugar. A escolha é nossa. Julgemo-nos e mudemos nossa trajetória terrestre, para quem sabe, um dia nos tornamos o mais próximo possível de Deus: Luz e Bondade para os homens (todos!) de Boa Fé! Amém!

sábado, 20 de junho de 2009

Hora...

Olá, pessoal. Cá estou eu novamente. Venho mais uma vez publicar uma poesia-nominal. Ela é do tempo da faculdade de Letras, época em que estava mais aberto à expressão do meu mundo interior por meio de palavras soltas, tortas, emotivas, duras... enfim, palavras presas em meu "eu". Tive vontade de publicar depois de ler uma poesia de Carlos Michel, de quem já falei outrora. Li o texto dele e lembrei que eu havia escrito algo parecido. Procurei e encontrei-a perdida e esquecida por seu criador. Espero que entendam e levantem múltiplas interpretações. Até mesmo, as mais ousadas. Ei-la:



HORA...

Rua.
Calor.
Noite.
Lua.
Olhar.

Mãos.
Atração.
Contato.
Sensação.
Carinho.


Ritmo.
Desejo.
Estrelas.
Cheiro.
Choque.


Delícia.
Suor.
Loucura.
Saliva.
Beijo.
Brisa.

Lua.
Aceleração.
Movimento.
Aperto.
Estrelas.

Calor.
Êxtase.
Sons.
Cheiro.
Olhos.

Momento.
Gemidos.
Lugar.
Noite.
Clímax.
Tudo.

Eros...












Davi Tintino (27.11.01.)








domingo, 19 de abril de 2009

Dos tempos de minha 8ª Série, 1995.

Eita, quanto caminho eu percorri desde que tabelei o ano de 1995, época de minha saudosa 8ª Série "A", lá, naquela escola tão pequenina, mas que para mim parecia enorme, nas manhãs frias de educação física, quando batíamos uma bolinha num espaço de areia que havia entre as salas, onde usávamos, como traves, os bancos de concreto e madeira.
Era um tempo de descobertas, de sonhos, de medos, de desejos físicos... Era o tempo em que este que vos escreve contava com apenas 15 anos. Já naquele momento de minha vida, eu sentia um desejo doido e incontido de escrever, parecia um bicho que consumia meu interior em busca da luz no fim do túnel. Lembro-me que eu escrevia bastante, principalmente, as minhas impressões acerca do mundo, das pessoas, dos medos da humanidade, das dificuldades que eu, como jovem perdido no mundo, sentia em relação ao futuro, ao que poderia acontecer (ou não!).
Estava eu, por estes dias, procurando livros no meu mundo de papéis, quando encontrei um destes saudosos textos que me relaxavam na época de minha tão difícil adolescência. É um texto simples, feito num verso de uma folha que arranquei do caderno de um colega de turma (Edgard André Pereira de Sousa - olha só a minha memória, pois recordo-em completamente o nome de muitos colegas de outrora - pessoa esta de cujo saco eu gostava de enher, tirar a paciência... bons tempos...). Bom, o texto é simples, cheio de "erros", negação às normas gramaticais, redundâncias etc etc etc.
Vou postá-lo, ipsis litteris, afim de mergulhar na cápsula do tempo e, por meio das linhas e palavras tortas, reviver em algum cantinho aconhegante da memória aquele tempo de medos e desejos reprimidos, em que lutar era uma questão de indepenência. Vejam, como o Davi de Hoje via o mundo naquele momento. Ei-lo:

"Consqüências do Egoismo"
" 'Tudo bem? acho [sic] que não. Têm [sic] gente por ai [sic] com cara de fome. A sociedade se entregou por inteiro ao egoismo [sic]. Egoismo [sic] palavra abstrata, que não se ver [sic], mas que se sente. Todos tem [sic] um pouco de egoismo [sic] dentro de si. Essa palavra surgiu no mundo desde os tempos mais remotos, desde que o homem começou a raciocinar, pensar no seu bem-estar. Agora o egoismo [sic] não vive só, Para [sic] lhe fazer companhia surgiu a cobiça e, [sic] a ambição. Deus fez o mundo sem cercas e muros, para que suas criaturas pudessem pocriar e dar as [sic] suas mudas o poder da liberdade. Deus incubiu ao [sic] homem pregar [sic] O [sic] seu [sic] amor sem distinção, ou seja, o que ou a quem.
Muitos hojes (sic), filhos de Deus [sic] são discriminados pela cobiça que os próprios homens gerarar. O egoismo [sic] gerou não somente a ambição, a cobiça, mas também a fome, o racismo, a posição social e muitos outros motivos para que Deus deve estar confuso [sic], pensando como que seus [sic] filhos tiveram cabeça Para [sic] amestrar um sentimento tão sórdido. Talvez algum dia O [sic] homem possa olhar para tráz [sic] e perceber como seu raciocínio negativo gerou no mundo tanta miséria' ".

Autor: Davi Tintino Filho (1995)

Legenda:
- Sic: Sic é um termo da língua latina cuja tradução literal é "assim". A palavra Sic é usada freqüentemente em português para indicar é desta forma (Sic et simpliciter). É possível, de fato, que a palavra "sim" do português tenha origem neste termo.
A palavra "sic" é usada para evidenciar que o uso incorreto ou incomum de pontuação, ortografia ou forma de escrita presente em uma citação, provém de seu autor original. Serve assim para deixar claro ao leitor que não houve um erro de
tipografia. Além desse uso como advertência, a palavra também pode ser empregada para denotar ironia, como neste exemplo:
"O ministro
Antônio Rogério Magri afirmou ontem que Fernando Collor é imexível [sic]."
Via de regra a palavra aparece no texto da forma exemplificada: entre
colchetes e itálico. Isto visa deixar claro que o "sic" não faz parte da citação em si mas foi acrescentado pelo autor da transcrição.

- Ipsis litteris: Ipsis litteris é uma expressão de origem latina que significa "pelas mesmas letras", "literalmente" ou "com as mesmas palavras". Utiliza-se para indicar que um texto foi transcrito fielmente ao original. Pode-se também utilizar uma expressão de mesmo significado, ipsis verbis, que quer dizer "pelas mesmas palavras", "textualmente".

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sic

sábado, 11 de abril de 2009

Sensações

Oi, pessoal, há um tempinho que não posto nada. Quero me desculpar com aqueles que, vez por outra, passam por aqui e perdem um pouco de seu tempo para ler os meus devaneios. Mas vamos lá. Por estes dias, estava eu a procurar uns livros para poder estudar quando surgiu aos meus olhos um velho papel com palavras soltas, aspirantes à poesia. Elas refletem bem um momento em que, provavelmente, a minha falta de concentração teimava em me levar para longe. Leia e certamente vocês poderão imaginar onde estava com a minha cabeça. Boa leitura!



"A respiração forte.
O livro aberto.
O pensamento longe.
A tentativa de concentração, escorregadia.


As palavras soltas no papel gritam uma língua estranha!
Tão simples!
A compreensão incerta
Reforça a certeza do desejo...
Latente!?



Parece indiferente à distância.
Lêdo desejo para quem tem receio de amar.
Então seria amor aquilo que pertubava seu ser?


Ou seria paixão efêmera,
Por um corpo também efêmero?


Sentir...


Ou seria tão somente a carne pulsando lascivamente,
Sob a fina camada de tecido?


Sentir...


Talvez reflexo único de algo maior,
Subliminar,
Único,
Humano...


Sentir...


A resposta é dúbia,
Vaga,
Impalpável à razão sapiens, sapiens...


Sentir...



Sentir,
Desejar,
Real!


Sentir...


O insólito é o denominar,
O caracterizar,
O indizível é medo,
Medo da vontade,
Da insanidade,
Do entregar-se à vontade do corpo.
Do corpo de outrem devorando o seu...



Sentir...




(Por incriível que pareça, não registrei a data de criação deste... desta... bom, deste texto!).






quarta-feira, 11 de março de 2009

A Gabriel Marinho Nono C!

Tenho estado nos últimos anos bem sobrecarregado. Falto tempo para as coisas mais prazerosas da vida: dormir, comer direito, amar, ser amado, ler pelo simples ato de ler... e postar no meu blogger. Hoje, fui surpreendido por aluno novo que disse ter visto o meu blogger e gostado. Gostei do fato de ele ter gostado, pois é difícil para um adolescente entender, na maioria das vezes, o monte de baboseiras que, vez por outra, publico aqui. Mas as exceções confirmam as regras. E hoje venho aqui, unicamente, para dar um alô Gabriel Marinho, do nono ano C, do CSCM.
De antemão, já digo que gostei daquele garoto. É alegre, espontâneo, aparenta sinceridade e tem um sorriso farto.
Peço desculpas aos demais pela falta de tempo. Mas, creio que me compreendem, corro atrás do pão de cada dia (se bem que essa metáfora do pão não engana mais ninguém, pois o suficiente para o pão eu já ganho faz tempo, mas como sou um bicho capitalista, sempre estou em busca de mais e mais e mais e mais e mais...).
Valeu, meu caro Marinho. Obrigado pela visita e espero outras. Vlw, chapa!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Vida e a Morte...

Aproveitando o período de férias, estava assistindo a um filme, meio comédia, meio drama, o qual me rendeu boas gargalhadas (A força da amizade, com Kathy Bates e Jéssica Lange), quando foram levantadas algumas discussões sobre vida e sobre morte. Estes dois temas sempre me chamaram a atenção. Para muitos, a vida, o início de tudo. A morte, o término daquela. Outros creem, como os espíritas, que a primeira é apenas o início de muitas outras sucessões que assinalam o princípio de várias existências. Ainda para estes, a segunda consistiria numa passagem para um estágio superior, estágio este que se repetiria, caso o indivíduo que "morreu" não tenha cumprido, satisfatoriamente, a sua "missão" aqui na Terra. Contanto que o tenha feito bem, será "promovido" para um nível superior até que, finalmente, ganhará a redenção...

Para outros tantos, vida-morte são ações naturais que delimitam o início-fim de um conjunto de ações químico-físico-biológicas que caracterizam a trajetória do homem. Para estes, não há algo de sublime nestes limites, é apenas uma sucessão de encontro entre átomos que se agrupam, ao acaso, formando moléculas e, em determinado momento, formam, no momento da concepção, um indivíduo, o qual, depois de nove meses, poderá ver nascer o sol, transformando aquele monte de massa disforme, outrora no útero materno, num ser humano. Este, chegado o momento, passará a ter uma convivência social, além dos cuidados familiares. Escola, faculdade, trabalho, família do(a) noivo(a), colégio do filho... Até que um dia, depois de anos e anos labutando para VIVER, morre-se, simplesmente. E toda aqueles milhões e milhões de átomos voltarão para a Terra, adubando o solo, voltando a ser matéria orgânica.


São muitas as concepções que existem acerca desta notória polêmica. Aí estão muitas instituições a debater sobre quando começa a vida, quando ela termina (o meio jurídico que o diga!) quem pode determinar a morte, quando o homem deixa de existir, para onde é que ele vai (se é que ele vai para algum lugar, senão para baixo de sete palmos de terra...).

De um lado, estão os céticos, ateus, cientistas e todos aqueles que creem que a vida começa e termina, simplesmente, porque algo interrompe a movimentação dos átomos, das moléculas, ou, apenas, porque o tempo encarregou-se de envelhecer a matéria que constrói o corpo.

Do outro, estão os crentes, os que buscam a resposta para a vida humana. Estes acreditam numa força superior, que o fato de estarmos aqui é decorrente de algo ou alguém que está a olhar por nós, punindo-nos ou nos agraciando pelos nossos feitos terrenos. Neste ínterim, a relação vida-morte é expandida por diversas religiões que lhe acrescentam uma visão particular. Cristianismo, Islamismo, Espiritismo, Candomblé, todas elas diferenciam-se por motivos diversos, sejam eles as crenças em um único deus ou em vários; seja por crer que vida se prolongaerá após a morte (ops! morte não, passagem!), seja por imaginar a divindade como um cruel carrasco, que fará com que o mísero humano "queime para sempre numa pedra de mármore no inferno".

Na verdade, creio que metade de tudo isso não passa de meras conjecturas, de suposições infundadas, numa forma de, por algum motivo, alienar a grande massa. Sinceramente, minha relação com o desconhecido é bastante saudável. Não fico horas e horas tentando desvendar o que, humanamente, é impossível. Reconheço, contudo, que não me apetece o fato de passar toda a minha eternidade queimando sobre uma pedra de mármore quente (putz! mármore é muito caro, preciso de algumas pedras para a minha cozinha....).

Quando eu era mais jovem, tremia só em pensar que estava fazendo algo errado, que Deus, no alto do seu poderio, estaria anotando no Livro da Vida todas as minhas faltas, para que, quando chegasse a minha hora de partir desta para uma melhor (melhor nada, ficar queimando num lago de enxofre! Dizeres populares mais descabido ), São Pedro estaria na Porta do Céu me esperando com o Livro na mão, somaria os meus pecados e me mandaria de céu abaixo para o inferno. Falo isso num tom de galhofa, mas é verdade. Por um longo tempo, isso me tirava o sono. Hoje mesmo ainda preservo o medo de ir para o inferno. Reconheço, aqui, que sou cristão, creio em Deus, mas não o Deus-Carrasco, que puni, que chicoteia, preconceituoso, capitalista, que enche os cofres de uns em detrimento da falta de comida na mesa de milhões de outros. Temo a morte, temo a dor da morte, temo o que está por trás do muro alto e infinito que separa os vivos dos não-vivos. Sei que existe algo superior, além do firmamento azul vibrante, além do negrume amedrontador do infinito, além da perfeição arquitetônica das pétalas das flores, além do sorriso divino de uma criança, além do prazer extasiante que vem de momentos de amor... Não creio, como os céticos, que o fato de estarmos aqui, de habitarmos um planeta perfeito, seja obra do acaso, de uma explosão ocorrida há bilhões anos.

Sou um cara com um mundo de ideias próprio, que consegue aceitar a existência da concepção científica do mundo conjugada ao poder divino, na qual este possibilitou aquela. Não importa, na verdade, que nome se dá a esta força superiora: Deus, Acaso, Ciência. Creio no que toco, no que vejo, no que sinto, mas é, justamente, porque consigo tocar, ver, sentir, que creio em Deus. Em momentos de divagação, fico olhando o meu corpo, cade membro, cada órgão, cada lágrima que escorre, e vejo-me extasiado pela perfeição com que fomos construídos.

Quando alguém morre, o choro é garantido, principalmente, quando este alguém era uma pessoa boa, justa, amiga, companheira. Isso é normal. A dor da perda. Num instante, vê-se a pessoa viva, sorrindo, falando e, por alguma fatalidade, vemo-la estirada num caixão, sem vida, inerte. Isso causa dor, causa choro, derramam-se lágrimas. O fato de não mais vê-la, tocá-la é angustiante. Há culturas, porém, cujos rituais de despedida diferem-se do nossos ocidentais. Algumas comunidades celebram a morte, porque para os seus partícipes a morte é motivo de alegria, é o início de uma existência melhor.

Nós, ocidentais, fomos acostumados com a dor, com a visão de que o nascer e o viver são pólos antagônicos. Um traz alegria (nem sempre, ressalte-se!) e o outro a tristeza (idem!). Curto deitar no escuro, na praia à noite (de preferência pelado!) e ficar em contato direto com o cosmo. Fico imaginando que as moléculas que compõem o meu corpo são da mesma idade do início do universo. Quando eu morrer, os átomos que em mim estão, em breve, estarão fazendo parte da matéria de um outro ser, na árvore que dá bons frutos, no capim que será comido pelas vacas que, por sua vez, produziram o leite para saciar a fome dos pobres, estarão compondo os mecanismos eletrônicos dos computadores que movimentam o mundo.
Quem somos nós? Para onde é que vamos? Isso não importa, galera! O que, verdadeiramente, importa é saber que nós somos matéria cósmica, que estamos aqui desde que ocorreu o Bing-Bang, provocado pela bondade de Deus, do Acaso, do Caos. Viemos da mesma massa. Vida e Morte são detalhes que marcam apenas a transformação da matéria, a vinda ao mundo de diferentes formas, espécies, gêneros. Os meus dedosm que digitam o texto que, outrora, será lido por vocês, nada mais são do que matéria reciclada e transformada. Afinal de contas, o que importa é sermos felizes, enquanto humanos, fazermos felizes os outros, vivermos enquanto vida tivermos. O depois... bom, o depois , inevitavelmente, virá e, certamente, de um modo ou de outro todos voltaremos para mesmo lugar de onde saímos: do pó ao pó! Poeira cósmica e nada mais!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Hoje pela manhã!



Acordei, hoje, pela manhã, depois de um dia 31 de dezembro, em que sai com a família para jantar e mostrar às crianças as praças enfeitadas de Mossoró. Encerrei a noite tomando um espumante, fiquei meio tonto e acabei dormindo meio "chapado". Acordei às 9h30min, com o corpo extasiado, cansado, preguiçoso. Silêncio total. O mundo parecia domir. Ao longe, um cãozito latia. O quarto mergulhado numa penumbra gostosa. E um friozinho agradável proveniente de horas e horas de ar condicionado ligado. Fiquei ali, deitado, curtindo o momento, pensando nas provas da faculdade, que me deram trégua, no monte de assuntos os quais tenho que estudar para conquistar o meu lugar ao sol. O cenário era perfeito para que fosse criada uma canção ao estilo de Cazuza, de Renato Russo ou, até mesmo, de Chico Buarque. Estava, realmente, curtindo o momento e minha mente totalmente despida de qualquer pensamento negativo que tivesse me incomodado no ano que falecera.


Fiquei olhando para o teto e lembrei-me de uma pergunta que haviam me feito, horas antes da entrada do ano que estava por nascer. Indagaram-me sobre as metas que eu estabelecera, ainda em 2008, para o bebê 2009. Em um momento qualquer de minha vida, anterior ao que estou vivendo, responderia que estava cheio de projetos a serem realizados, que, certamente, buscaria mais reconhecimento diante da massa social, ou qualquer outra coisa do gênero que satisfizesse o meu eu-capitalista. Porém, com a força divina, tenho procurado fugir um pouco das amarras do nosso sistema, estúpido e fétido, e buscado, encontrar algo mais profundo e essencial para a minha vida.



Não nego a importância do dinheiro, não nego o seu valor e a necessidade de sua posse para se levar uma vida confortável, ajudar aqueles que precisam dele, não nego que gosto pra caralho de ganhar o meu próprio vil metal para usufruir um pouco (ou muito!) das benesses que ele pode proporcionar. O que estou querendo dizer, verdadeiramente, é sobre aquilo que, prioritariamente, deve se sobressair no que concerne às inúmeras necessidades do homem.



Hoje, prestes a completar meus vinte e nove anos, tenho vivido um momento de mais introspecção e tentado perceber o que realmente é mais importante para me fazer feliz. Não aquela felicidade da TV, dos filmes americanos, em que existem imagens padronizadas sobre o príncipe encantado, daquele amor idealizado, que atravessa milhares de provações, até que se consegue atingir o auge da felicidade, felicidade esta que não se acaba mais e que não é interrompida por nenhum infortúnio. Não falo desta felicidade!



Refiro-me a um estado, a uma conscientização, um tanto materialista, sobre como conduzir a vida para uma felicidade verdadeira, falível, como o próprio homem. Falo de uma felicidade consciente, de uma felicidade que nos permite viver e saber que existem momentos que nos proporciona o mais intenso dos sorrisos, da mesma maneira em que existem situações que fogem do nosso controle e provocam a mais aguda e profunda dor. É aí , exatamente, que quero chegar!



Hoje, pela manhã, quando me lembrei daquilo que me perguntaram, pensei que não estabeleci para o ano-neném a busca incessante pela felicidade holliwdiana. Já faz tempo que a descartei. Para este ano que se inicia hoje, busco um outro tipo de vida. Busco encontrar a felicidade que é possível ser alcançada, a essência do que pode realmente fazer um homem feliz. Para 2009, tenho alguns projetos, algumas metas a serem atingidas. Tenho que ler muito, estudar bastante. Ter um desempenho razoavelmente excelente na facul (sintam o paradoxo!), ser o profissional admirável enquanto professor! Tudo isso são metas, objetivos que podem ser alcançados por meio de bastante trabalho. Tenho, no entanto, sonhos que labutarei para consegui-los atigir. Amar e ser amado, preservar a pessoa maravilhosa que tenho, ser um bom filho, um amigo melhor, um irmão mais presente. São, justamente, estes sonhos, conjugados com as metas elencados que podem possibilitar que eu me torne um homem melhor.



Desejo, veementemente, conseguir atingir esse propósito de vida. Conseguir viver, dia a dia, sem cobrança desmedida para atingir metas sobre-humanas. Quero viver o presente, construir uma base sólida agora, dedicar-me ao momento atual, sem ficar com a cabeça nas possibilidades vindouras, no que poderá ocorrer amanhã.



Ontem ouvi uma frase numa música de Frejat que dizia, mais ou menos, assim, quando fala sobre o dinheiro: "tem-se que tirar um momento para saber quem é que manda: você ou o dinheiro", a frase não é, textulmente, assim, mas lembrei-me apenas de sua lição. Quero viver deste modo, reconhecendo a importância do dinheiro, lutando para ganhá-lo, mas não viver em sua função, ganhá-lo para viver e não o inverso.



Quero ser mais sincero e mais honesto neste ano que se inicia. Não que eu seja o mais corrupto e desonesto dos homens, não é isso! Não mandem que a Polícia Federal venha até minha casa para realizar uma busca. Longe disso. Quero apenas eliminar pequenos desejos e ações conspurcados de sentimentos ínfimos. Todos nós temos, mas poucos os reconhecem, principalmente, para si mesmos. Tenho alguns que preciso riscar do meu eu, do meu Id, Ego e Super-ego. Mas, não eliminar a todos, pelo contrário, quero continuar mais homem do que nunca, já que sem os Sete Pecados Capitais, a vida não teria tanta graça assim, além do mais não tenho vocação para santo (Deus que me perdoe...). Quero subjulgar apenas aqueles que me fazem perder o sono. Um deles estou conseguindo, mas não posso revelá-lo aqui, pois respeito as convenções sociais.



Quero fazer de 2009 uma longa estrada que, para ser percorrida, são necessários, exatamente, 365 dias, nem mais nem menos. É uma estrada, relativamente, longa. Quero percorrê-la, sem pressa, sem correr, contando os passos, desenhando os seus contornos, pintando de azul o céu, deixando a mata mais verde, a noite mais escura, o horizonte (dependendo do meu estado de espírito!) mais claro ou mais escuro. Eu sou o artista deste quadro multicolor, de várias texturas, onde podem aparecer alguns personagens coadjuvantes ou apenas para dar mais ênfase ao enredo Davi Tintino-2009. Alguns atores já têm lugar garantido, poderão contribuir para que o meu quadro se torne mais vivo, poderão sugerir nuances, mas, certamente, de uma coisa, não abro mão: a última demão de tinta serei eu quem dará! Até a próxima tela congnominada "Ano Novo"...