segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Aurora Fantástica

Hoje, meu sobrinho veio me pedir para que eu fizesse a troca das rodinhas de sua moto, que ganhara da mãe. Precisei de uma chave-de-fenda e fui em busca de um canivete. Quando o procurava, encontrei esta velha pseudo poesia. Como faz tempo que não posto nada, resolvi exibi-la, mas pretendo atualizar as minhas idéias. Ei-la:



Aurora Fantástica




Abro os olhos.
Os raios solares me embebedam de prazer.
Sinto um calor me invadindo.
Fecho-me.
Vejo-me no alto de um arranha-céu.
Olho o horizonte que à minha frente cresce.
Absorvo a brisa que me toca.
Respiro o doce cheiro da fruta madura.
Ondas de mormaços matinais percorrem-me o ser.
Entro em êxtase.
Sinto espasmos.
Atiro-me livre ao doce perigo.


Abaixo de mim,
Seres viventes correm em busca do nada.
Deslizo faceiro pelo infinito.
Nada me consome.


À minha volta,
Luzes douradas me celebram:
Sou único.
Nada me prende.

No meu acordar,
Subjulguei toda mediocridade.
O ódio, de mim se desprendeu.
A fúria mesquinha, que a todos engana, rejeitei-a.


Na cama,
Ficaram resquícios de sentimentos ordinários.
Eros me acompanha.
Os deleites de Afrodite banham-me.


Tenho a impressão de que, ao alto, os deuses me elevaram.
Humana, a minha existência já não o é.
Projeto nos outros seres,
Que a mim fisicamente se assemelham,
Todo desejo recluso.
Desejo escondido de ao mundo me integrar.



Pobres criaturas que o gozo do infinito desconhecem.
Sobrevôo suas cabeças,
Mas, a mim, elas não percebem.
Tornei-me superior.
Superior na essência.
Superior nos desejos.
Superior em plenitude.


De repente, sinto um desfalecimento.
Minhas forças celestiais titubeiam.
Uma rajada morna agarra-me.
Incosciente, sinto meu corpo ao vulgar retornar.
Abro os olhos.
Ao meu quarto, retornei.


Os raios repousam quentes sobre minha pele.
Humano, vejo-me novamente.
Retornei à essência pobre de outrora.
Triste? Um pouco!
Normal? Jamais!


Apesar da aparente normalidade.
Mudei com o sonho.
Ao sonho me entreguei.
Dele, fiz-me.
Metamorfosei-me.
Dos deuses, a magnificência absorvi.
Sou homem, com ar de rei.
Pobre em matéria.
Rico em sapiência.
Aos outros, o mesmo sou.
Aos simples, simples sou.
Diferencial, para poucos.
Para muitos, desconhecido.


São nesses momentos de aparentes ilusões,
Que o mundo inteiro,
Apesar de limitado,
No infinito se transforma.
Mudei.
Sou homem,
Menino,
Louco,
Sábio.
Nada em tudo.
O seco nas águas.
O sol no frio.
O negro na neve.
O desejo no medo.
O único no vulgar.
Paradoxo sem fim.
Simplesmente, o Universo na Casca de Noz.



Davi Tintino Filho


10.05.2004.

2 comentários:

Douglas Rammon disse...

Liinda ;D
tanto que eu disse que num fizesse algo muito grande :P
Ficou massa :D
Né menino louco sábio? :P

Askabusky disse...

Muuuuuuito massa cara! Espero um dia fazer poesias assim!