domingo, 26 de outubro de 2008

De Menino a Homem...


Que tarde preguiçosa! Tentei dormir, mas o mormaço da tarde escaldante de Mossoró não colaborou com o meu intento. Levantei-me e vim para a frente do PC ver se consigo produzir algo útil ou fútil, mas algo. Comecei a pensar no passado e a relembrar das minhas "tias" de quando eu era moleque no colégio. Fiquei nostálgico, um tanto melancólico. Fiz, mentalmente, uma lista das minhas professoras do primário e lembrando os nomes, características físicas e psicológicas de cada uma delas - Tia Maria José, baixinha a quem os colegas chamavam de Cocada; Tia Madalena, morena da cor linda, quase uma senhora, calma e atenta às perguntas dos pirralhos (creio que a primeira professora que me fez gostar de Português. Foi com ela que acertei a primeira palavra num ditado de palavras – “palhaço” era a palavra...); Tia Maria José (outra, mas muito diferente da primeira...), era brancona, meio gorda e com cara de má, meio gasguita, tínhamos medo dela, mas era uma pessoa boa e atenciosa. Esqueci-me de dizer que antes da segunda Maria José, tive como professora a Tia Alvanir. Pessoa extremamente doce, mas que teve que deixar a sala de aula porque não tinha mais voz para lidar com crianças traquinas. Isso ocorreu em 1989, quando eu fazia a terceira série. Trabalha até hoje na secretaria do mesmo colégio... Pessoa linda de viver! Em seguida, veio a Tia Elizabete. Uma jovem franzina, com um sinal de carne do lado esquerdo, formando um ângulo com o encontro dos lábios e a ponta do nariz. Cabelo negro, encaracolado, na altura dos ombros. Usava sempre a roupa passada, tinha a voz doce e estava noiva. Lembro-me de que eu ficara extremamente triste quando soube que ela ia se casar. Foi a minha primeira paixão por alguém com mais idade do que a minha. Na época, foi criado, no colégio, o Correio Escolar. Escrevíamos a quem queria e a direção encarregava-se fazer a entrega, semanalmente. Revoltado, escrevi para a tia e disse-lhe que não queria que ela casasse, que o noivo dela não era bom o suficiente e, tantos outros ultrajes que fico ruborizado apenas de lembrar. Ela, com uma letra linda, respondeu-me tentando acalmar-me, dizendo que amava o namorado, que eu era um garoto lindo, inteligente e que um dia eu iria entender do que ela estava falando. Fiquei várias semanas com vergonha de olhá-la nos olhos. Até hoje, tenho uma outra carta (uma das várias que ela me respondeu, das muitas que lhe mandei...), na qual ela diz que eu era um garoto atencioso, inteligente etc, etc, etc.
O tempo passou, cheguei à quinta série. Quinta série “A”. A sala dos inteligentes. Foi nesse ano em que descobri os sabores do pecado. De ir ao colégio e matar aula. Alguns colegas (Evandro, Romildo, Fábio, Gentil...) e eu pegávamos o ônibus circular (não pagávamos passagem...), rodávamos pela cidade e ficávamos sentado na praça do Museu Municipal. Quando dava o horário do término das aulas, pegávamos o mesmo ônibus e voltávamos para casa. Isso durou o ano todo. E como não existe crime perfeito, cheguei ao final do ano e fiquei de recuperação em Inglês e em Matemática. Passei na primeira, mas na segunda não deu. Fiquei reprovado. Mãe descobriu e eu disse para ela que não fosse nem pegar o resultado, pois já tinha consciência do ocorrido. Ela não brigou, não me bateu. Mas percebi por seu olhar o profundo grau da decepção. Eu sempre, até então, um aluno exemplar, assíduo, pontual, exigente comigo mesmo. Porém, naquele ano, senti uma vontade de fazer diferente, de ser diferente. Percebi no olhar de minha mãe uma decepção tão profunda, que me senti horrivelmente mal. Vi todos os colegas indo para a série seguinte e eu ficando. Sendo deixado para trás pelo bonde dos meus. Repeti a série, vi tudo que deveria ter visto no ano anterior, mas por inépcia tão somente minha não vi. Em 1992, repeti a série que seria para mim, a mais importante de todas. Passei em todas as matérias no terceiro bimestre (inclusive Inglês e Matemática!).
Naquele ano, nasceu um novo Davi Tintino. Desde aquele momento, eclodiu em mim a vontade doida de ser diferente, de provar para todos os outros que eu podia fazer diferente. 1992 foi um marco em minha vida. Já parei e perguntei-me, infinitas vezes, que, se fosse possível voltar os ponteiros do relógio da vida, se eu pudesse retroceder ao momento em que pela primeira vez subi no ônibus para burlar aula, se eu faria diferente. Sempre me respondo que não.
Naquele momento fui inconseqüente, fui irresponsável, brinquei com a matéria-prima do meu futuro. E a obra não foi concluída. Descobri-me naquele momento, um garoto extremamente capaz de mudar o seu pequeno mundo. Desde aquele ano até a minha entrada na primeira faculdade, fui chamado de todos os vocativos que atingem um aluno aplicado. Nerd, CDF, lesado, falante... Esses nomes passaram a substituir o nome com o qual fui batizado. Passei de inconseqüente a inteligente em menos de um ano.
A primeira vez que “estudei” a quinta série foi muita boa. Porque naquele ano, senti o gosto de pisar no terreno perigoso do erro. Um caminho que, muitas vezes, não tem volta. Caminhei um ano por ele, senti os prazeres do perigo, brinquei com obscura mão do proibido. Mas voltei!
De 1991, ano de minha reprovação, até 2008, ano em que, graças a Deus, todos nós encontramos, lá se vão 17 árduos, felizes, sofridos, perigosos, reveladores, tensos, prazerosos anos. Neste 17 anos, o Davi que vos fala transformou-se. Virou adolescente. Ficou com o rosto cheio de espinhas. Fiquei órfão de pai vivo. Revoltei-me contra ele. Perdoei-o. Virei homem. Descobri um pouco sobre a vida. Desejo descobrir muito mais.

Hoje, ganho dinheiro tentando ensinar, por meio das sofridas regras gramaticais, um pouco sobre a vida para pessoas que se encontram numa fase difícil para a maioria dos seres humanos: a adolescência. Hoje, vejo, durante as manhãs e as tardes, dos meus estressantes dias, o mesmo que vi em mim quando eu tinha a idade dos meus alunos.
Não me arrependo de nada que fiz. Arrependo-me do que deixei de fazer. Com os meus erros, construí os meus acertos. Com as minhas lágrimas, umedeci a pele. Reguei meu coração. Usei para preparar o cimento para erguer as paredes do meu castelo. Detalhe: o meu castelo ainda não está pronto e creio que ainda virão muitos anos para deixá-lo do jeito que quero.
Hoje estou aqui, “falando” para vocês, mas olhem para mim, olhem para as pessoas ao redor de vocês e se vejam daqui a 17 anos. Perguntem-se o que vocês querem para vida de vocês. Estabeleçam metas. Desenvolvam objetivos. Sonhem!
Não deixe que as memórias boas nem as ruins se apaguem de suas lembranças. Lembrem-se sempre das tias do primário, dos professores do ginásio, dos estresses do pré-vestibular, do primeiro amor, da primeira decepção amorosa... Não procuremos fazer da vida sempre algo perfeito, sem dor, sem sofrimento, pois isso não depende apenas de nós. Depende de muitos fatores, que estão além das nossas forças. Vivam simplesmente. Façam o que for possível fazer. Em alguns momentos esperem pelo empurrãozinho dos Céus. Mas vivam, vivam intensamente. Usem todos os sentidos para viver o mundo. Usem a inteligência para programar uma vida confortável. Usem o coração para sentir que a vida sem emoção não tem graça alguma. Vivam com um pé no chão e o outro no ar, sempre procurando equilibrar-se, pois a vida é um espetáculo, comparado aos mágicos passos do balé...



sábado, 25 de outubro de 2008

Separado é tudo junto e tudo junto é separado.... Por Dickson Melo

Hoje, está sendo um dia atípico. As palavras que serão mostradas em seguida são fruto da mente prodigiosa de um cara que aprendi a admirar durante este curto espaço de tempo que é 2008 - Dickson Melo, namorada de uma garota fabulosa por quem tenho, também, imensurável, apresso. Ultimamente, tenho tido uma vida corrida, estressante... MAGNÍFICA. E por isso, não tenho postado diariamente. Mas sempre que dá, venho aqui discorrer sobre algum assunto que está "friviando" em minha mente. Hoje, contudo, temos a estréia do garoto, supracitado. Dickson discorrerá sobre um tema um tanto espinhoso, já que é algo relativo, que nos incomoda, mas que existe e está aí, em nossas vidas, na nossa casa, na casa do amigo, do vizinho... no olhar perdido de um estranho. Li o texto de meu "pupilo" e confesso que mais uma vez me surpreendi com a sua maestria com as palavras. Vejo, sempre, naquilo que ele escreve. Com vocês, o nosso estreante...
* * *
"Tratar da solidão para mim, é mais difícil do que tratar sobre o amor, porque por muito tempo eu estive só, sem perceber, e me dói um pouco falar nesse assunto. Mas eu me comprometi a escrever o sobre o tema que fosse dado, e o farei!
Enquanto seguia meu caminho de todas as manhãs, lembrei de que todos os dias um amigo me acompanhava nesse percurso, Pedro Júnior. Não estamos mais indo juntos porque agora eu estou indo mais cedo, e ele continua indo um pouco mais tarde. Daí comecei a refletir o quanto me sentia sozinho, indo todos os dias para o colégio, mergulhando tão profundamente em meu próprio pensamento, que, às vezes, nem notava o quão chato era a ida sem ele. Era sempre melhor, a gente conversava muito, e, às vezes, a gente andava até um pouco mais devagar para continuar a papo... Bons tempos.
Então mais uma de minhas teorias invadiu minha cabeça: eu não estou só, nem quando estou só. Um paradoxozinho que dá para se entender só colocando a “massa cinzenta” para trabalhar um pouco. Mas vou tentar explicar o que eu quis dizer...
Quando eu estou na minha cama, pronto para dormir, sentindo apenas o silêncio à minha volta, eu e a escuridão, não estou completamente sozinho, porque para mim, e creio que para a maioria das pessoas, está sozinho é não ter ninguém por perto. E quando você tem amigos, quando você os ama, e eles também o amam, eles estão perto de você todo o tempo. Estão vivos na sua memória! Um telefonema, ou até mesmo só em se imaginar falando com eles, pode fazê-lo melhorar de uma tristeza. Claro que nada substituirá uma conversa pessoalmente, olho no olho, mas melhorará, porque há uma conexão entre duas pessoas que se gostam, há um fiozinho que ninguém vê, que o faz se comunicar com a pessoa que você mais quer naquele momento. E poderia estar rodeado de milhões de pessoas, mas ainda sim, se não tivesse ninguém que o amasse, você estaria só...
Solidão de verdade é quando nem mesmo você se dá conta de que está só. É quando você se ilude, pensando que tem amigos e depois percebe que os únicos que se importam com você de verdade são seus pais. Essa é a pior solidão, porque quando se descobre que está sozinho, que tudo que você pensou, passou, falou, escutou, não passava de uma ilusão, e não teve importância para quem você confiava, e acreditava piamente que era seu amigo de verdade. O choque é inevitável. E sua mente invadida por sentimentos tão horríveis, contra si mesmo, que até parece um choque de verdade! É um ataque nos nervos que chega a atingi-lo até fisicamente. Você se transforma em algo totalmente diferente, seu cérebro começa a funcionar de outra maneira. E o mundo não será o mesmo para você... E você não será o mesmo para o mundo.
Acho que no mundo de hoje, as pessoas e, principalmente, os adultos mais normais, mesmo que tenham tido amigos na adolescência, dependem da família para passar por um mau momento. Porque todos os outros já tem problemas demais para se preocuparem, ou, simplesmente, não querem se preocupar com um amigo, por estar com pressa para ir ao trabalho, ou mesmo para dormir.
O interessante é que quanto mais o tempo passa, o mundo vai ficando mais quente, só que acontece totalmente o contrário com as pessoas... Elas vão ficando mais frias. As pessoas não vão mais a uma praça, a uma festinha do vizinho, para torcer pelo Brasil ma TV de 20 polegadas do bar. Mas também, para que não é? Um cara compra uma TV de 50 polegadas e fica em casa adorando aquela coisa gigante. E em jogo importante chama os mais chegados para assistir e ao mesmo tempo se exibir.
Gostar de outra pessoa e demonstrar esse sentimento têm sido, nos tempos de hoje, uma tarefa difícil. Mas por quê? Será mais fácil dizer que odeia alguém? CLARO QUE SIM! É muito mais fácil você magoar alguém dizendo que a odeia, do que dizer que a ama, e correr o risco dessa pessoa te magoar profundamente. Só que a vida sem riscos não teria graça, a vida sem amigos, sem as pessoas que você não conhece ainda, seria mais monótona do que ventilador no um. O população não sente mais aquela emoção de cada dia não saber o que pode acontecer, a adrenalina de amar! Apesar de sempre dizerem que está tudo uma bagunça, a vida está completamente organizada! Organizada do pior jeito! Mas está!
Assassinatos: acontecem todos os dias. Roubos: acontecem todos os dias. Seqüestros: acontecem todos os dias. Estupros: acontecem todos os dias. Trabalho: tem todos os dias. Amor a si mesmo: muito difícil, só quando acreditam ter tido um contato espiritual com Deus quando vão à igreja trimestralmente.
Está faltando amor no coração! Você precisa aprender a se completar. Precisa aprender a não precisar de outra pessoa para ser completo. Tem que saber que sua felicidade tem que depender apenas de si mesmo! Não estou dizendo para viver sempre sozinho, sem ninguém, porque você já está completo. Os que forem seus companheiros serão um suplemento gigantesco! Que o fará se sentir transbordado! Será uma explosão de felicidade em seu corpo, mente e espírito! Porém, se você não está completo por si mesmo... Podem vir tantos amigos quiser, e eu lhe afirmo que você nunca estará tão feliz como você estaria se já estivesse completo.
Como se completar? Não sei, eu estou quase conseguindo isso, mas ainda não peguei a manha, quando conseguir... Eu vos direi. Agora eu vou acabar com por aqui, porque já são 12h30min e minha mente está dizendo que ir dormir é uma ótima idéia, e meus fantasmas vão me fazer companhia.

Peço perdão pelos erros imperdoáveis".

Bom, meu caro Dickson, espero que daque a alguns anos nós nos sentemos à uma mesa de um restaurante, bar ou lanchonete qualquer, e possamos parar para pensar sobre estas suas palavras e sobre as minhas e notarmos a quanto anda a solidão no mundo e em nós mesmos. E, a propósito, não se preocupe com erros imperdoáveis. Eles não existem! Seja feliz, irmão!

domingo, 19 de outubro de 2008

Eros e Vênus...

Por estes dias, durante uma aula, surgiu uma animada discussão acerca do que seria o AMOR. Vários tentaram exemplificar; alguns, conceituar; mas a maioria resguardou-se ao silêncio. Se por um lado, reconheço que é um tema profundo, digno de ser discutido e opinado pelas grandes mentes da história, como Aristóteles, Platão, Álvares de Azevedo, Sigmund Freud etc, etc, etc... por outro, acredito que os corações mais singelos são os mais aptos a se embrenharem por este vale nebuloso, que todos já sentiram, muitos vivem, alguns ainda não conheceram, mas que, certamente, toda a humanidade daria (creio que a vida!) para, ao menos, por alguns minutos, sentir-se inebriada por esse vinho agridoce, que consome todo o ser, penetra na pele, chega ao coração, mexe com todas as glândulas do organismo, acelera a pulsação, e, o mais sério de todos os sintomas, afeta o sistema nervoso central, desregula o cérebro, tira a razão. Já li, por aí, que muitos cientistas têm procurado explicá-lo por meio de testes em laboratórios. Procuram medir a intensidade da alguns hormônios no organismo daqueles que se dizem amando. Quando percebem que determinada secreção em determinado indivíduo é mais intensa do que em outros, aí dizem que este ou aquele realmente sente amor. Tudo especulações! Aristóteles e Platão, certamente, saberiam dizer o que seria o AMOR pela ótica do intelecto, pela filosofia grega, pelo poder das divindades pagãs politeístas. Álvares de Azevedo, mergulhado em seu Mal-do-Século descreveria-o como sendo o mais terríveis dos sentimentos, aquele que subjuga ao fundo do poço, que humilha, que corrói o interior e faz o corpo "doer sem sentir dor", como já dizia o famoso poeta lusitano Camões. Sigmund Freud, o precursor da psicanálise, diria que o AMOR está diretamente condicionado à expressão do mundo inconsciente, do estado salutar em que se encontra o mundo interior do indivíduo. Diria que somente se pode amar alguém quando somos capazes de, a priori, amarmos a nós mesmos. E muitos, e muitos, e muitos outros, antigos, medievais, modernos, contemporâneos e pós, tentaram, tentam e muitos ainda tentarão definir esse sentimento que vira a cabeça, que dilacera a alma, que constrói mundos, que destrói lares, que diz ao homem o momento certo de se entregar, mas que engana muitos outros, fazendo-os perder o equilíbrio e derrapar na longa estrada da perdição... Aqui, em frente ao PC, fico imaginando o que seria o mundo sem AMOR, sem a dor que ele causa, sem a alegria que muda a rotina dos solitários, que faz com que muitos se embriaguem no seu doce e ácido sabor, que planta flores, mas que seca jardins, outrora floridos... Alguns experts no assunto dizem que existe apenas um único tipo de AMOR. Que somente amamos uma vez, uma única pessoa. Que tolice, com todo o respeito que as partes merecem!O AMOR é multi, transforma-se, amadurece, corrói-se, rejuvenesce, mingua... MORRE. Acredito piamente que o AMOR é forte. Forte o suficiente para durar por toda a vida (e além dela!); defendo, contudo, a espinhosa idéia de que, paradoxalmente, ele é FORTE e FRÁGIL, a um só tempo. Li, certa vez, em certo lugar, num dia qualquer (creio que na obra de Machado de Assis) algo sobre o AMOR. Dizia-se que esse sentimento é como a chama de uma vela, capaz de causar estragos inimagináveis, destruir vidas, destruir o mundo. Mas dizia-se que esse dragão em miniatura pode esvair-se a um pequeno sopro, a uma leve brisa que entra sorrateiramente pela fresta de uma janela esquecida aberta. O AMOR é sublime, vigoroso como um Sansão. Hercúleo, como um deus. Forte, como uma rocha. Mas, inegavelmente, delicado como uma gota de água que cai no chão escaldante do Deserto do Saara, quando o Sol está a pino. Como uma planta que necessita, diariamente, ser regada, porque senão mingua diante da força dolorosa dos raios solares. É algo impossível de ser conceituado por meio de palavras humanas. Por meio de prosas e versos. Por meio de cenas dantescas da Sétima Arte. Tudo o que vemos e ouvimos sobre o AMOR não é o seu conceito. Não é a sua fórmula. Não é o que pensa a ignóbil e esnobe sabedoria humana, que tenta, através do cientificismo, explicar o que seria esse sentimento que se confunde com a própria gênese humana.
Dizem que o homem é fruto das mãos divinas, dizem que o homem é superior sobre os outros animais, não porque pensa, porque raciocina, porque constrói teorias, porque arquiteta o mundo, mas dizem (e concordo plenamente!) que o homem é homem, porque, na sua racionalidade, entrega-se, de olhos fechados, ao mais simples, complexo, irracional, destrutível, árido, fértil dos sentimentos. O AMOR é tudo e é nada. O AMOR não se explica, não se conceitua. O AMOR apenas existe. Tudo que se tenta dizer sobre ele são especulações. São exemplos daquilo que se sente quando se ama. O AMOR é divino porque nos faz sentir divinos. Faz-nos pensar que podemos tudo, e o melhor, nós conseguimos.
Viva a ele que nos monta, que nos desmonta, que nos faz rir, que nos faz chorar. Que diz por onde devemos ir, que nos diz que, apesar da escuridão, devemos seguir em frente. O AMOR provoca isso. Enquanto não consigo conceituá-lo, vou amando e sendo amado. E se um dia, eu conseguir defini-lo, provavelmente, morri, e chegando aos Céus, papeei com Deus e ele me deu a definição sobre essa palavra que, na Terra, faz o homem pensar que é Deus e “chorar sem sentir dor”...

sábado, 11 de outubro de 2008

O Circo

Bom, pessoal. Como hoje é sábado, tarde quente, que me consome em infinitas gotas que me escorrem pelo corpo. Dormi duas horas - vejam só, duas horas. Coisas que não fazia háááááááááá muito tempo. Creio que ainda tenho um monte de sono acumulado. Estou com uma p... preguiça e um monte de matéria para estudar, prova para elaborar, artigos para desenvolver, pessoas para visitar etc etc etc e tempo para bloggar. Hoje, passo por aqui e deixo apenas um pseudo poema dos idos de 2002, quando eu estava terminando a Facul de letras. Quem quiser, tiver tempo ou paciência, leia... É intitulado "O circo" e retrata, basicamente, a hipocrisia que nós, a sociedade, fazemos questão de promovê-la por meio dos insignificantes gestos. Ei-lo,

Um grande círculo
Armado!!!
No mundo.
Na vida.
No homem.
Representar?!
A arte de viver.
Com isso e para isso,
Sempre,
A todo momento,
Aqui,
Ali,
Comigo e com você.

Sobre a face,
Máscara,
Sorrindo.
Dentro,
O coração,
Chorando.

Todos no picadeiro,
As luzes,
As palmas,
As farsas.
Verdadeiras?
Hipócritas,
Podres,
Insalubres,
Cortantes.

No palco,
Bailarinas,
Leões,
Atores,
Nós!

Na platéia,
Expectadores,
Falsos,
Torpes,
Sádicos.
Nas mãos,
Aplausos.
No coração,
Fel,
Rancor,
Pedras.

Sob a fina maquiagem,
Horror.
Dor.
Pudor.
Sempre encenar.
Nunca a máscara tirar.
A podridão d'alma
Pureza aos outros parecer.

Confete e purpurina.
Balões e serpentinas.
Verdades?
Não!
Mentiras.
Sentidas.
Fingidas.
Ricos e pobres.
Feios e belos.
Todos fraternos
Nessa grande encenação.
Todos juntos,
Ratos,
Perdidos,
Fedidos,
Escondidos
Nesse imenso arco-íris,
De colorido,
E intensa traição.

Davi Tintino Filho
19.09.2002.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Este é um lugar sem atrativos...

Por estes dias, fui abordado por uma pessoa que me falou sobre a impressão de que tinha sobre o meu blog. Falou que ele não tinha a cara do jovem e que não era muito atrativo para os adolescentes. No momento, tive um misto de surpresa e de tristeza. Surpresa, por conta da sinceridade, um tanto impensada por parte dela, já que havia muitas pessoas por perto. Tristeza, já que sou um tanto perfeccionista com todas as coisas que faço. E, para quem é como eu, sabe do que estou falando. A pessoa que prima pela perfeição sofre mais do que o normal. Ela sempre está atenta aos detalhes que, para qualquer um, passaria despercebido. Mas comigo não! Sou do tipo que sofre por antecipação, que imagina o inimaginável, que pensa naquilo em que os outros poderiam pensar (o foda é que, geralmente, penso no lado negativo, ou seja, no lado ruim da coisa! Será que pessoas assim não mudam?).
Cheguei em casa, deitei, apaguei a luz e fiquei pensando naquilo. Abri o blog. Olhei para ele com olhos melindrados. Ele olhou para mim com um olhar inquisidor e perguntou-me o que eu tinha. Nada respondi. Desliguei o pc e refleti um pouco sobre tudo. De repente, comecei a rir de mim mesmo por conta daquela bobagem.
Quando pensei em criar um blog, não tinha a intenção de agradar a ninguém. Pelo contrário, tinha a intenção de dar asas a minha imaginação, de dar liberdade aos pensamentos mais tacanhos e, para não dizer, humanos que pudesse vir a ter. Não resolvi me tornar um “bloggador” para ficar me estressando com qualidade. Criei um blog para deixar que um outro Davi viesse à tona. O Davi despojado, com idéias, muitas vezes, loucas. Criei um blog para poder escrever um pouco mais, já que, ultimamente, tinha andado meio relapso quanto aos meus pensamentos sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre aqueles que me rodeiam ou que estão, até mesmo, do outro lado do mundo. Tornei-me um “bloggador” para que o mundo soubesse um pouco mais sobre este cara que vos fala. Então, pensei no que a dita pessoa falou sobre o MEU BLOG e, de repente, percebi que nem todo mundo irá se identificar com ele, com aquilo que vou escrever, com aquilo que vou expor. Lembro-me que a pessoa disse com um tom de voz meio que de escárnio. Aquilo me incomodou, deveras.
Contudo, quando olhei novamente para a tela do pc e vi o blog que eu mesmo criei, enchi-me de orgulho. Faço como os filhotinhos da coruja, que, segundo os entendidos no assunto, são os mais feios de todas as espécies, mas são também os mais amados e defendidos. Este blog é feio, torto, descolorido, insosso, sem fotografias. Mas é o que tenho, é o que criei, é o que perdi horas tentando fazê-lo funcionar. É ele quem me faz perder horas diante da tela, escrevendo, rabiscando, muitas vezes, bobagens para que pessoas (pessoas, como o garoto Dickson, extremamente, inteligente e admirável. Pessoas como o cultíssimo Alexandre Rodrigues, um cara para toda hora. Pessoas como o amigo e aluno Danilo Luiz, vulgo Caverna, um cara que conheci como aluno, mas que espero levá-lo para a vida, um cara que enche as manhãs do CSCM de alegria, com o seu sorriso espontâneo e ensolarado. Pessoas como a garota Clara de Assis, que sempre me procura com uma dúvida grandiosa, linda com aquele cabelo encaracolado, com aquele sorriso majestoso. Pessoas como o incomparável Charles Bronson, um cara de conteúdo, que escreve perfeitamente...).
Hoje, estou mais consciente de que esse blog tem também uma função social. Entra aqui apenas as pessoas que procuram um pouco mais de conteúdo, de cultura, pessoas que procuram passar o tempo de uma forma inteligente e abertas para construir um papo maneiro e discreto sobre a vida, sobre idéias, ou, simplesmente, sobre “merda” (peço desculpas por esse vocábulo metafórico, de baixo calão, que fere os bons costumes, as regras de etiqueta etc etc etc etc! Mas como este espaço é reservado para os meus devaneios,até mesmo os mais sórdidos, dou-me a liberdade para usá-lo de forma incontida e consciente - desculpem pelo complexo paradoxo que gira em torno, muitas vezes, do meu discurso...).
Digo que todos têm total liberdade para não visitar este blog “desenxabido”, sem graça, sem grandes acontecimentos, mas, completamente meu e daqueles que têm por mim, uma maior estima, para aqueles que me vêem com mais profundidade e não pela mera superficialidade que paira sobre mim. Viva a liberdade de sermos pessoas diferentes, com pensamentos diferentes, com hábitos diferentes, com preferências diferentes... Viva a liberdade de sermos, unicamente nós mesmos (Esta aqui é para vocês, Clara, Tâmisa, Larissa, minhas lindas, vocês estão aqui, no coraçâo!).
Dou-me extremamente bem com aqueles que ficam de lado, que não estão no centro das atenções, que pensam mais do que falam, que sentem mais do que fazem. Este espaço é nosso. Este espaço não discute beleza, exibição, carnaval, Mossoró Mix, Vaquejada dos Famosos, simplesmente por discutir. Este espaço é voltado para o pensamento inteligente e despido de arrogância, de ironia. Este espaço discute o homem. Este espaço discute a vida. Este espaço discute o motivo de sermos homens e de estarmos aqui.
Peço desculpas a todos que buscam diversão e movimento aqui. Desculpem, mas este não é o lugar adequado. Para isso, busquem no Google. Afinal, o que seria do mundo sem este gigante que nos dá todas as pistas para não nos acharmos perdidos... até mesmo, perdidos num blog chato como este...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Protágoras disse...

Acordei, hoje, pela manhã, depois de um sonho um tanto grotesco... Olhei para o teto e fiquei curtindo aquela deliciosa preguiça de quem está aproveitando umas férias legais e necessárias da faculdade, além de não ter compromisso trabalhista ao longo do dia. Fechei os olhos e relaxei um pouco. Após alguns segundos, liguei a TV e fiquei assistindo ao Bom-Dia Brasil. O jornalista Márcio Gomes apresentava a matéria sobre a crise financeira global e dizia que os EUA estão prestes a aprovar um plano econômico de, deixe-me ver (sou péssimo para números...), bom, não lembro o valor exato, mas se encontra na casa dos 800.000.000.000 bilhões de dólares. Fiquei com esse número astronômico na cabeça e fazendo uns cálculos meio doidos. Não sou o ás da matemática, mas me arrisco a realizar certas somatórias.
Lembrei que havia visto, em algum site da internet, que o número de pobres no mundo chega a 1.900.000.000 bilhões de “cabeças”, considerando-se, porém, a ineficácia dos meios de coletas de dados oficiais, imaginemos que haja bem mais, e que esse número chegue a 2,5 bilhões de pobres. Fazendo valer os ensinamentos de minhas professoras de matemática das séries iniciais, fiz um cálculo simples de subtração : (número aproximado de dólares para movimentar a economia mundial): 800.000.000.000 - (número aproximado de pobres no mundo): 1.900.000.000 = 797.500.000.000.
Fiquei pasmo com esse resultado. Com uma simples assinatura, o presidente dos Estados Unidos, Jorge Bush poderia erradicar a pobreza no mundo. De repente, a pobreza, o estado aviltante em que se encontra milhões e milhões e milhões e milhões... de seres humanos seria demovido das estatísticas negativas. O valor que, provavelmente, será dirigido à recuperação da economia global não sofreria um abalo tão significativo assim, ao menos, para os olhos de meros mortais como eu, se uma ínfima parcela fosse utulizada para a erradicação da ignobilidade, da miséria, do não ter o que comer, quando o sol raia, da dor no estômago, quando as estrelas brilham no céu.
O brocardo popular diz que a "fatia do leão é a maior" e este singelo professor, aspirante a uma vaga no mundo das leis que vos fala, crê que as grandes potências pouco se importam com quem está faminto, sem ter comido pelo menos uma migalha de pão. Os Estados Unidos, o Japão, a Inglaterra, ou melhor, deixemos as metonímias de continente por conteúdo de lado, e refaçamos o início dessa estrutura frasal: Os governantes dos Estados Unidos, do Japão, da Inglaterra... não estão interessados em números que comprovem a solidariedade humana. Eles não se importam em, no cenário mundial, serem partícipes de planos que busquem a valoração de um dos direitos e garantias fundamentais que está inscrita, creio eu, na maioria das Cartas Magnas do chamados Estados Democráticos de Direito: a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
Este direito que, a priori, seria, na verdade, um princípio a ser respeitado e norteador de toda e qualquer lei que fosse criada no âmbito econômico, social, cultural, financeiro, é, claramente, desrespeitado. A fome impera no mundo todo. Crianças são vitimadas antes mesmo de nascer. Morrem de desnutrição ainda no ventre materno. A “fatia do leão” é grande demais e, na maioria das vezes, usurpa o pouco que os países de economia pequena possuem, e, conseqüentemente, o pouco de as famílias pobres para se auto-proverem. O brocardo popular citado acima puxa um outro: “O saco do quem quer nunca enche”. Quanto mais se vê a economia interna crescer, mais se quer para si, para o crescimento interno, dos grandes grupos econômicos, dos grupos empresarias. Isso é típico da nebulosa onda do neo-liberalismo. Incentiva-se o aumento do capital pela exploração inumana da mão-de-obra (quase que digo “mão-de-obra escrava”, mas lembrei que a escravidão é coisa que, OFICIALMENTE, deixou de existir no século XIX...).
O capital é o cerne, o início e o fim, a causa e o efeito, enfim, o alfa e ômega da engrenagem capitalista. Pelo capital, destroem-se florestas, agrava-se a destruição da camada de ozônio, guerreia-se por mercados externos, impõem-se trabalhados forçados a crianças que minguam por um pedaço de pão. A busca desenfreada pelo crescimento do capital é o monstro moderno que mata mais do que qualquer guerra. A única diferença entre ele e esta é que ela mata num determinado instante, num determinado local, por um motivo determinado. Já a busca pelo capital metamorfoseia-se, é lento, é gradativo, reveste-se com roupagens diversas, como, por exemplo, a destruição da natureza e da biodiversidade. Se há um lado bom na guerra, é que ela mata e todos sabem o porquê (ou, pelos menos, deveriam saber!) . A busca pelo crescimento do capital, além de matar, pouco a pouco, humilha, ultraja a dignidade do homem.
Possuir mais reserva cambial. Fomentar as transações comerciais entre as nações. Ter mais armamento bélico. Ser o maior e melhor frente à comunidade mundial. Fico me perguntando para onde é que vão os redondos e gordos zeros do astronômico “800.000.000.000” de dólares, se reina a fome, cresce a miséria, subjuga-se e humilha-se o homem comum e labutador, o verdadeiro construtor do capital. Diante de tantas incertezas que imperam no mundo pós-contemporâneo, tenho apenas uma única e solitária certeza: para o meu bolso, eles não virão. E também não vão, certa e indubitavelmente, para o bolso dos 1.900.000.000 de seres que vasculham a sarjeta do sistema capitalista.
O filósofo sofista grego Protágoras disse que “O homem é a medida de todas as coisas”. De todas as coisas, sim, e, inclusive, da medida dos números astronômicos dos cofres públicos, do patrimônio líquido dos grandes grupos empresariais, em detrimento, lastimavelmente e em proporção inversa e desmedida, da carência humana pelo mínimo possível (ou impossível, dependendo do número de zeros que surjam...) para sobreviver num mundo onde a medida do justo advém do infinito querer mais do homem.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

CARTA-POEMA: REGRAS

Faz dois dias que não acesso o blog. Hoje, resolvi vir aqui, matar um pouco o tempo e... escrever. Estou com vontade de falar sobre "crença", já que, outro dia, pediram-me a opinão sobre essa temática. Mas o problema é que, exatamente , hoje, estou podre de preguiça, então, remexendo nas velhas e empoeiradas pastas, encontrei alguns pseudopoemas, que escrivi num momento meio dramático de minha vida. Eis um deles. Deleitem-se, reflitam ou, simplesmente, fechem esta página e procurem outra coisa mais interessante (certamente, vocês encontram "coisas" mais interessantes...) para ler....

E de repente fez-se a luz.
E com ela, brotaste neste plano.
Fazia sol ou chuva,
Frio ou calor,
Mas o estado não importava:
Surgias no mundo.

Trazias consigo
O Brilho de uma pérola,
A sabedoria de uma anciã,
A sensibilidade uma poetisa.

Precocemente, buscaste o entendimento sobre o mundo.
Procuraste desvendar o enigma do existência.
Indagavas o porquê de tudo:
De mim, de ti, de nós.
Sonhavas com o desconhecido.
Almejavas abri-lo,
Tocá-lo,
Incorporar-te a ele.
Perguntas mil, fazias-me.
Mil e uma, tentava dar-lhe,
Sempre que podia.

És absoluta criatura,
Que a todos causa pasmo.
Cruzados foram os nossos caminhos.
Pelas mãos do destino, viste a mim,
Fui a ti,
Para algo, a ti, ensinar.
Pobre ilusão, fora essa,
Pois sabias mais do que podiam todos desconfiar.
Encontrei-te com aprendiz,
Contudo, mais que isso, te tornaste.

Desejei um colega ser,
Colegas nos tornamos.
Busquei, inutilmente, o coração isolar,
E, aos sentidos, somente isso parecer.
Capricho da imaginação, tive eu
Ao tentar, uma montanha, em um pequenino grão de areia transformar.

Perdi a razão,
Machuquei meu coração,
Vislumbrei, então, uma solução,
Para aplacar a tensão,
Que em mim remanescia.
Para ti tirei a máscara
Que parte do meu “eu” escondia.

Tiveste nas mãos
Toda a história minha.
O medo subjuguei,
A coragem fomentei,
E, a ti, por completo me mostrei.

Receio, tive eu
De incompreendido,
Ser mais uma vez.

Despi-me.
Viste-me.
Chorei, deveras.

Minhas lágrimas,
Por ti, foram enxugadas.
Amigas, realmente, foste tu.
Deste-me a mão em lugar da rejeição.
E, como em um espelho,
Vi-me pela primeira vez.

Muitos são os chamados,
Poucos, ou nenhum, os escolhidos.
Entretanto, com as regras, vêm as exceções,
E, no plano da nossa amizade,
Fui, por completo, campeão.

Conheci-te.
Conheceste-me.
Deste-me a mão.
Segurei-a.
E, com ela, acolheste-me.
Guardo-te o bravio olhar.
O aperto de mão, tenho-o, tesouro, aqui, junto ao peito.
O brilho do olhar teu reluz-me ainda.
Porém, se um dia me disseres
Que a amizade acabou,
Resignar-me-ei.
Foste verdadeira.
Fui feliz.
O teu apreço me foi valioso.
Me é.
E sempre será.
Se acabar, paciência.
Tudo passa.
A vida.
Os atos.
Os sentimentos, como tais, são efêmeros.
Não há como fugir às regras.
Mas, sem esquecer, obviamente, de que há, também, as exceções.

Davi Tintino
21.06.2003.