sexta-feira, 18 de junho de 2010

Vazio

Há alguns meses que não venho a este espaço para escrever. Mas hoje, infelizmente, venho para falar sobre algo ruim, uma situação triste, uma dor que grita, um vazio que mais parece um turbilhão de matéria que avoluma o peito. Hoje venho aqui falar sobre mim, sem tons filosóficos e existenciais exacerbados. Hoje venho falar sobre a perda e como ela pode nos fazer ganhar, mesmo que estejamos com olhos voltados, naquele instante, para a dor e não para aquilo que causou a dor.
Hoje, 18 de junho de 2010, é o prolongamento de um dos dias, provavelmente, mais duros e difíceis que já enfrentei nesses trinta anos de vida. Hoje, sinto em mim um vazio que, ao respirar, causa uma sensação terrível que se assemelha a retirada de todos os órgãos que enchem e formam o nosso peito. É uma dor sem consistência, que se apalparmos a região onde fica o coração, não sentimos nada. Mas que ao se respirar profundamente por se lembrar de um momento feliz, causa uma dor terrível que droga nenhuma pode amenizar os efeitos.
Eu sempre li livros em que se narrava romances grandiososos, de amor profundo e que causam muita dor. Essas histórias, por mais que me encantassem, não causavam em mim um impacto muito grande.
Deliciava-me com os conflitos romanescos, as dores das personagens e, vez por outra, ria, questionando a intensidade das dores construídas pelas tintas do autor. Não imaginava que aquilo refletisse fidedginamente o que vivem as pessoas reais. Fui pego no laço e cá estou eu sentindo que abaixo de meus pés não existe mais chão. Que o ar que respiro é denso. Que a noite não traz mais a calma e descanso que lhe são inerentes.
Hoje sinto o que é realmente precisar de um outro ser humano para viver. É saber que, apesar de todos os erros, aquele ser é o único capaz de lhe dar ar, colocar-lhe chão sob os seus pés. Fazer com a noite seja um regaço de calmaria e relaxamento. Nunca pensei ser capaz de viver tão intensamente isso. Vivo hoje, mas o meu coração está muito machucado.
Sempre acreditei que o amor verdadeiro é aquele que dá a liberdade para que o outro ser humano sinta-se livre e voe quando achar que ali não é mais o seu lugar. Agora percebo que seguir esse princípio é doloroso por demais. Deixar a pessoa que você ama, aquela com quem você idealizou toda uma vida, constituir uma família, pequenina e quente, como coração de mãe. Isso dói.
Neste momento, tenho que conviver com várias dores: a dor da perda, a dor do vazio, a dor da fraqueza e da impotência, a dor certeza... Tenho me apegado com Deus. Tenho buscado forças. Tenho chorado... e tenho buscado entender o porquê de tudo isso, a consciência de ter errado.
Não sei o que fazer agora. A ação de viver ganho status de sobrevivência, um dia de cada vez. Peço a Deus forças todas às vezes em que pego o celular, que acesso minha caixa de e-mails, que entro no Orkut. Forças para não desrespeitar o direito de ninguém e, principalmente, da pessoa que, junto com minha mãe, formam as pessoas que mais amo e admiro.
É para você, Amor de minha vida, que escrevo estas palavras, não como uma forma de voltarmos ao estado anterior, mas, como um modo de dizer o quanto o seu amor me é caro e sem ele, fico à deriva. Sou homem, fraco, falível. É para você que me dispo e digo que recorde dos nossos momentos, momentos em que idealizamos um futuro juntos, a dois, ou melhor, a três. Fique com Deus...

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