sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Vida e a Morte...

Aproveitando o período de férias, estava assistindo a um filme, meio comédia, meio drama, o qual me rendeu boas gargalhadas (A força da amizade, com Kathy Bates e Jéssica Lange), quando foram levantadas algumas discussões sobre vida e sobre morte. Estes dois temas sempre me chamaram a atenção. Para muitos, a vida, o início de tudo. A morte, o término daquela. Outros creem, como os espíritas, que a primeira é apenas o início de muitas outras sucessões que assinalam o princípio de várias existências. Ainda para estes, a segunda consistiria numa passagem para um estágio superior, estágio este que se repetiria, caso o indivíduo que "morreu" não tenha cumprido, satisfatoriamente, a sua "missão" aqui na Terra. Contanto que o tenha feito bem, será "promovido" para um nível superior até que, finalmente, ganhará a redenção...

Para outros tantos, vida-morte são ações naturais que delimitam o início-fim de um conjunto de ações químico-físico-biológicas que caracterizam a trajetória do homem. Para estes, não há algo de sublime nestes limites, é apenas uma sucessão de encontro entre átomos que se agrupam, ao acaso, formando moléculas e, em determinado momento, formam, no momento da concepção, um indivíduo, o qual, depois de nove meses, poderá ver nascer o sol, transformando aquele monte de massa disforme, outrora no útero materno, num ser humano. Este, chegado o momento, passará a ter uma convivência social, além dos cuidados familiares. Escola, faculdade, trabalho, família do(a) noivo(a), colégio do filho... Até que um dia, depois de anos e anos labutando para VIVER, morre-se, simplesmente. E toda aqueles milhões e milhões de átomos voltarão para a Terra, adubando o solo, voltando a ser matéria orgânica.


São muitas as concepções que existem acerca desta notória polêmica. Aí estão muitas instituições a debater sobre quando começa a vida, quando ela termina (o meio jurídico que o diga!) quem pode determinar a morte, quando o homem deixa de existir, para onde é que ele vai (se é que ele vai para algum lugar, senão para baixo de sete palmos de terra...).

De um lado, estão os céticos, ateus, cientistas e todos aqueles que creem que a vida começa e termina, simplesmente, porque algo interrompe a movimentação dos átomos, das moléculas, ou, apenas, porque o tempo encarregou-se de envelhecer a matéria que constrói o corpo.

Do outro, estão os crentes, os que buscam a resposta para a vida humana. Estes acreditam numa força superior, que o fato de estarmos aqui é decorrente de algo ou alguém que está a olhar por nós, punindo-nos ou nos agraciando pelos nossos feitos terrenos. Neste ínterim, a relação vida-morte é expandida por diversas religiões que lhe acrescentam uma visão particular. Cristianismo, Islamismo, Espiritismo, Candomblé, todas elas diferenciam-se por motivos diversos, sejam eles as crenças em um único deus ou em vários; seja por crer que vida se prolongaerá após a morte (ops! morte não, passagem!), seja por imaginar a divindade como um cruel carrasco, que fará com que o mísero humano "queime para sempre numa pedra de mármore no inferno".

Na verdade, creio que metade de tudo isso não passa de meras conjecturas, de suposições infundadas, numa forma de, por algum motivo, alienar a grande massa. Sinceramente, minha relação com o desconhecido é bastante saudável. Não fico horas e horas tentando desvendar o que, humanamente, é impossível. Reconheço, contudo, que não me apetece o fato de passar toda a minha eternidade queimando sobre uma pedra de mármore quente (putz! mármore é muito caro, preciso de algumas pedras para a minha cozinha....).

Quando eu era mais jovem, tremia só em pensar que estava fazendo algo errado, que Deus, no alto do seu poderio, estaria anotando no Livro da Vida todas as minhas faltas, para que, quando chegasse a minha hora de partir desta para uma melhor (melhor nada, ficar queimando num lago de enxofre! Dizeres populares mais descabido ), São Pedro estaria na Porta do Céu me esperando com o Livro na mão, somaria os meus pecados e me mandaria de céu abaixo para o inferno. Falo isso num tom de galhofa, mas é verdade. Por um longo tempo, isso me tirava o sono. Hoje mesmo ainda preservo o medo de ir para o inferno. Reconheço, aqui, que sou cristão, creio em Deus, mas não o Deus-Carrasco, que puni, que chicoteia, preconceituoso, capitalista, que enche os cofres de uns em detrimento da falta de comida na mesa de milhões de outros. Temo a morte, temo a dor da morte, temo o que está por trás do muro alto e infinito que separa os vivos dos não-vivos. Sei que existe algo superior, além do firmamento azul vibrante, além do negrume amedrontador do infinito, além da perfeição arquitetônica das pétalas das flores, além do sorriso divino de uma criança, além do prazer extasiante que vem de momentos de amor... Não creio, como os céticos, que o fato de estarmos aqui, de habitarmos um planeta perfeito, seja obra do acaso, de uma explosão ocorrida há bilhões anos.

Sou um cara com um mundo de ideias próprio, que consegue aceitar a existência da concepção científica do mundo conjugada ao poder divino, na qual este possibilitou aquela. Não importa, na verdade, que nome se dá a esta força superiora: Deus, Acaso, Ciência. Creio no que toco, no que vejo, no que sinto, mas é, justamente, porque consigo tocar, ver, sentir, que creio em Deus. Em momentos de divagação, fico olhando o meu corpo, cade membro, cada órgão, cada lágrima que escorre, e vejo-me extasiado pela perfeição com que fomos construídos.

Quando alguém morre, o choro é garantido, principalmente, quando este alguém era uma pessoa boa, justa, amiga, companheira. Isso é normal. A dor da perda. Num instante, vê-se a pessoa viva, sorrindo, falando e, por alguma fatalidade, vemo-la estirada num caixão, sem vida, inerte. Isso causa dor, causa choro, derramam-se lágrimas. O fato de não mais vê-la, tocá-la é angustiante. Há culturas, porém, cujos rituais de despedida diferem-se do nossos ocidentais. Algumas comunidades celebram a morte, porque para os seus partícipes a morte é motivo de alegria, é o início de uma existência melhor.

Nós, ocidentais, fomos acostumados com a dor, com a visão de que o nascer e o viver são pólos antagônicos. Um traz alegria (nem sempre, ressalte-se!) e o outro a tristeza (idem!). Curto deitar no escuro, na praia à noite (de preferência pelado!) e ficar em contato direto com o cosmo. Fico imaginando que as moléculas que compõem o meu corpo são da mesma idade do início do universo. Quando eu morrer, os átomos que em mim estão, em breve, estarão fazendo parte da matéria de um outro ser, na árvore que dá bons frutos, no capim que será comido pelas vacas que, por sua vez, produziram o leite para saciar a fome dos pobres, estarão compondo os mecanismos eletrônicos dos computadores que movimentam o mundo.
Quem somos nós? Para onde é que vamos? Isso não importa, galera! O que, verdadeiramente, importa é saber que nós somos matéria cósmica, que estamos aqui desde que ocorreu o Bing-Bang, provocado pela bondade de Deus, do Acaso, do Caos. Viemos da mesma massa. Vida e Morte são detalhes que marcam apenas a transformação da matéria, a vinda ao mundo de diferentes formas, espécies, gêneros. Os meus dedosm que digitam o texto que, outrora, será lido por vocês, nada mais são do que matéria reciclada e transformada. Afinal de contas, o que importa é sermos felizes, enquanto humanos, fazermos felizes os outros, vivermos enquanto vida tivermos. O depois... bom, o depois , inevitavelmente, virá e, certamente, de um modo ou de outro todos voltaremos para mesmo lugar de onde saímos: do pó ao pó! Poeira cósmica e nada mais!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Hoje pela manhã!



Acordei, hoje, pela manhã, depois de um dia 31 de dezembro, em que sai com a família para jantar e mostrar às crianças as praças enfeitadas de Mossoró. Encerrei a noite tomando um espumante, fiquei meio tonto e acabei dormindo meio "chapado". Acordei às 9h30min, com o corpo extasiado, cansado, preguiçoso. Silêncio total. O mundo parecia domir. Ao longe, um cãozito latia. O quarto mergulhado numa penumbra gostosa. E um friozinho agradável proveniente de horas e horas de ar condicionado ligado. Fiquei ali, deitado, curtindo o momento, pensando nas provas da faculdade, que me deram trégua, no monte de assuntos os quais tenho que estudar para conquistar o meu lugar ao sol. O cenário era perfeito para que fosse criada uma canção ao estilo de Cazuza, de Renato Russo ou, até mesmo, de Chico Buarque. Estava, realmente, curtindo o momento e minha mente totalmente despida de qualquer pensamento negativo que tivesse me incomodado no ano que falecera.


Fiquei olhando para o teto e lembrei-me de uma pergunta que haviam me feito, horas antes da entrada do ano que estava por nascer. Indagaram-me sobre as metas que eu estabelecera, ainda em 2008, para o bebê 2009. Em um momento qualquer de minha vida, anterior ao que estou vivendo, responderia que estava cheio de projetos a serem realizados, que, certamente, buscaria mais reconhecimento diante da massa social, ou qualquer outra coisa do gênero que satisfizesse o meu eu-capitalista. Porém, com a força divina, tenho procurado fugir um pouco das amarras do nosso sistema, estúpido e fétido, e buscado, encontrar algo mais profundo e essencial para a minha vida.



Não nego a importância do dinheiro, não nego o seu valor e a necessidade de sua posse para se levar uma vida confortável, ajudar aqueles que precisam dele, não nego que gosto pra caralho de ganhar o meu próprio vil metal para usufruir um pouco (ou muito!) das benesses que ele pode proporcionar. O que estou querendo dizer, verdadeiramente, é sobre aquilo que, prioritariamente, deve se sobressair no que concerne às inúmeras necessidades do homem.



Hoje, prestes a completar meus vinte e nove anos, tenho vivido um momento de mais introspecção e tentado perceber o que realmente é mais importante para me fazer feliz. Não aquela felicidade da TV, dos filmes americanos, em que existem imagens padronizadas sobre o príncipe encantado, daquele amor idealizado, que atravessa milhares de provações, até que se consegue atingir o auge da felicidade, felicidade esta que não se acaba mais e que não é interrompida por nenhum infortúnio. Não falo desta felicidade!



Refiro-me a um estado, a uma conscientização, um tanto materialista, sobre como conduzir a vida para uma felicidade verdadeira, falível, como o próprio homem. Falo de uma felicidade consciente, de uma felicidade que nos permite viver e saber que existem momentos que nos proporciona o mais intenso dos sorrisos, da mesma maneira em que existem situações que fogem do nosso controle e provocam a mais aguda e profunda dor. É aí , exatamente, que quero chegar!



Hoje, pela manhã, quando me lembrei daquilo que me perguntaram, pensei que não estabeleci para o ano-neném a busca incessante pela felicidade holliwdiana. Já faz tempo que a descartei. Para este ano que se inicia hoje, busco um outro tipo de vida. Busco encontrar a felicidade que é possível ser alcançada, a essência do que pode realmente fazer um homem feliz. Para 2009, tenho alguns projetos, algumas metas a serem atingidas. Tenho que ler muito, estudar bastante. Ter um desempenho razoavelmente excelente na facul (sintam o paradoxo!), ser o profissional admirável enquanto professor! Tudo isso são metas, objetivos que podem ser alcançados por meio de bastante trabalho. Tenho, no entanto, sonhos que labutarei para consegui-los atigir. Amar e ser amado, preservar a pessoa maravilhosa que tenho, ser um bom filho, um amigo melhor, um irmão mais presente. São, justamente, estes sonhos, conjugados com as metas elencados que podem possibilitar que eu me torne um homem melhor.



Desejo, veementemente, conseguir atingir esse propósito de vida. Conseguir viver, dia a dia, sem cobrança desmedida para atingir metas sobre-humanas. Quero viver o presente, construir uma base sólida agora, dedicar-me ao momento atual, sem ficar com a cabeça nas possibilidades vindouras, no que poderá ocorrer amanhã.



Ontem ouvi uma frase numa música de Frejat que dizia, mais ou menos, assim, quando fala sobre o dinheiro: "tem-se que tirar um momento para saber quem é que manda: você ou o dinheiro", a frase não é, textulmente, assim, mas lembrei-me apenas de sua lição. Quero viver deste modo, reconhecendo a importância do dinheiro, lutando para ganhá-lo, mas não viver em sua função, ganhá-lo para viver e não o inverso.



Quero ser mais sincero e mais honesto neste ano que se inicia. Não que eu seja o mais corrupto e desonesto dos homens, não é isso! Não mandem que a Polícia Federal venha até minha casa para realizar uma busca. Longe disso. Quero apenas eliminar pequenos desejos e ações conspurcados de sentimentos ínfimos. Todos nós temos, mas poucos os reconhecem, principalmente, para si mesmos. Tenho alguns que preciso riscar do meu eu, do meu Id, Ego e Super-ego. Mas, não eliminar a todos, pelo contrário, quero continuar mais homem do que nunca, já que sem os Sete Pecados Capitais, a vida não teria tanta graça assim, além do mais não tenho vocação para santo (Deus que me perdoe...). Quero subjulgar apenas aqueles que me fazem perder o sono. Um deles estou conseguindo, mas não posso revelá-lo aqui, pois respeito as convenções sociais.



Quero fazer de 2009 uma longa estrada que, para ser percorrida, são necessários, exatamente, 365 dias, nem mais nem menos. É uma estrada, relativamente, longa. Quero percorrê-la, sem pressa, sem correr, contando os passos, desenhando os seus contornos, pintando de azul o céu, deixando a mata mais verde, a noite mais escura, o horizonte (dependendo do meu estado de espírito!) mais claro ou mais escuro. Eu sou o artista deste quadro multicolor, de várias texturas, onde podem aparecer alguns personagens coadjuvantes ou apenas para dar mais ênfase ao enredo Davi Tintino-2009. Alguns atores já têm lugar garantido, poderão contribuir para que o meu quadro se torne mais vivo, poderão sugerir nuances, mas, certamente, de uma coisa, não abro mão: a última demão de tinta serei eu quem dará! Até a próxima tela congnominada "Ano Novo"...