sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

OS DEDOS!

Olá, turminha! Voltei depois de muito tempo distante deste espaço que serve, a um só tempo, como refúgio e instrumento de expressão da parte mais profunda de mim e que apenas vem à tona por meio delas, sem as quais não consigo expulsar aquilo que, ora me aflige, ora me consome, ora me eleva aos céus, ora me faz se forte. Elas. Elas. Elas... as PALAVRAS, tal qual a larva que sangra do ventre da Terra.


Gosto muito de escrever. De me mostrar por meio da linguagem verbal. De estar comigo, estando com os outros, uma vez que as palavras nos permitem sair de nós mesmos sem, paradoxalmente, sairmos do estado em que estamos... Putz! Procuro me controlar, ser claro, objetivo, mas às palavras têm esse poder sobre mim, de me fazer dizer mais do que quero e ficar com a sensação de que, ao invés de um ponto, uma vírgula bem colocada poderia ter propiciado uma melhor exploração e exposição do meu pensamento, mas enfim, vamos ao que me propus no início desse texto, no título.



Vim aqui hoje, primeiro para dizer aos quem se propõem a ler o que escrevo que fico feliz quando descubro o quanto de pessoas tiram parte de seu precioso tempo para ver um pouco de Davi Tintino através das "mal traçadas linhas" que escrevo. Isso demonstra que, bem ou mal, consigo atrair os outros para os meus pensamentos, para os meus estados d'alma, para aquilo que precisa sair de mim e ganhar vida própria, numa espécie de alterego. Agradeço, assim, a todos e a todas que vêm a este espaço e de algum modo se identifica, seja confirmando, seja negando, seja, ainda, mantendo-se na neutralidade do discurso, embora haja aqueles, como Foucault, que discordam de que as palavras que são ditas resguardam-se a não assumir nenhum lado das contendas sociais. Registro aqui o meu contentamento para com essas pessoas...

Hoje, venho aqui para falar um pouco sobre o ano que está findando, das realizações, das perdas, dos sonhos, das metas... 2010 foi um ano bom, muito bom. Foi um ano de descobertas, de conquistas, de consolidações, de novos caminhos a serem trilhados. Se em 2009 comecei um novo momento em minha vida, 2010 foi o momento de colocar os pés no chão e consolidar aquilo que se iniciou no ano anterior.
No ano passado, consegui alcançar um patamar almejado por muitos, disputado por inúmeros, mas atingido por poucos: ser professor do serviço público federal. Nesse momento, tive que decidir entre dar prosseguimento a faculdade de Direito ou ingressar no magistério do IFRN. Optei pelo segundo e hoje não me arrependo, apesar de ter criado um gosto fantástico pelas discussões jurídicas.
Em 2010, um sonho há muito adormecido, despertou quando comecei a me relacionar com professores do IF que são pós-graduados (mestres e doutores). Resolvi me matricular como aluno especial do mestrado na UFRN. Esse é um processo normal para quem deseja ser aluno regular nesse curso de pós. Em novembro deste ano, submeti-me à exaustiva seleção e, depois de três etapas, posso, hoje, dizer que SOU ALUNO DO MESTRADO EM LITERATURA COMPARADA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN.
Se vocês pudessem sentir a emoção ao ver o meu nome entre os aprovados, creio que poderiam compartilhar comigo tamanha emoção. Posso dizer sem medo de estar sendo exagerado que hoje vivo uma das melhores fases de minha vida. Tenho, graças a DEUS, tudo o que pode fazer um homem realmente feliz...
Hoje, olho para trás de vejo o quanto já foi caminhado e o quanto ainda existe para ser caminhado. Vejo-me como um homem comum, com qualidades e não digo defeitos, mas limitações como todo e qualquer ser humano. Gosto e quando gosto, gosto mesmo. Quando algo não me agrada, também me sinto no direito de expressar, claro que com restrições e com educação, acima de tudo. Convivo com pessoas de quem gosto muito, pessoas as quais aprendi a admirar e por quem passei a ser admirado. Convivo também com pessoas com as quais não tenho nenhum afinidade, mas que pelos ossos da vida em sociedade tenho que me submeter a tais presenças.
Alguém pode indagar: "Por que Davi fala tanto em pessoas?". A essa pergunta, digo que tudo que sou hoje é reflexo das pessoas que passaram ou que ficaram em minha vida. Creio que todo mundo que de alguma forma entra em nossa vida, fá-lo por um motivo que muitas vezes desconhecemos por nossa limitação humana, mas que se encontra escrito num livro grandão, guardado por um Ser Onipotente e que tem a chave para tudo. Conheci pessoas que simplesmente vieram, pelas mãos do desconhecido, até mim para que eu aprendesse algo, por mais insignificante que fosse. Outras me mostraram a importância de se ter pessoas verdadeiras e humanas na nossa base. Base de vida. Base de amor. Base de ser. Base de construir. Bases e mais bases sem as quais a vida não seria possível.
Hoje, sendo o que sou, compartilho do princípio de que a presença de amigos na nossa vida é algo tão imprescindível e precioso que se equipara à necessidade e à indispensabilidade dos dedos de nossas mãos. Vejam bem que temos somente dez dedos, cinco em cada mão, mas que são o suficiente para que tenhamos e desenvolvamos todas as habilidades e atividades para nossa vida enquanto animal biológico e animal político, nas palavras de Aristóteles.
Os dedos são ferramentas essenciais para a nossa sobrevivência. Com eles, manipulamos os objetos na realização de tarefas e, mesmo sem objetos, conseguimos realizar uma infinidade de ações importantes na nossa labuta em busca da sobrevivência. Os nossos ancestrais matavam com as mãos (e muitos atuais o fazem como se a vida fosse nada...) em busca de se manter vivo na luta com as outras feras. As nossas mãos lava o nosso corpo para nos livrar das impurezas. As nossas mãos tiram cisco dos nossos olhos... As nossas mãos são a arte que faz a arte. Os meios que nos poem em contato com aquilo de que precisamos para construir, materialmente, o nosso mundo.
Os nossos amigos são as nossas mãos. São os dedos. São a porta da nossa sensibilidade. São eles que nos ajudam a construir o nosso mundo. São eles que nos acariciam. Amigos, amigos, amigos. Tenho dez dedos nas mãos e amigos, será que eu teria mais ou menos? A resposta seria simples, se não fosse tão complexa por conta de todo um conjunto de filosofias de vida (da minha e da dos outros...).
Hoje, quero, nas vésperas de fim de ano, celebrar a vida. Não me aprofundar muitos em alguns assuntos, já que, como disse antes, falo demais e escrevo muito também, proporcionalmente. Quero simplesmente viver sem muita perturbação. Comemorar as vitórias. Aprender com as perdas. Amar e ser amado.
2009 e 2010 foram anos de superação e de conquista. Venci a mim mesmo em vários momentos. E esses dois anos são o coroamento de muito esforço, de apoio incondicional de amigos, de amor incontido de meus familiares, do companheirismo e do carinho de meu amor.
Em 2011, estaremos, com a graça de Deus, juntos...
Obrigado a todos (família, coração, amigos, alunos...) pela vida na minha vida... vocês são a essência daquilo que há de melhor em mim...